segunda-feira, 3 de agosto de 2015

POR TRÁS DO SILÊNCIO




Tudo na vida tem seu significado. O gesto não praticado, a palavra não pronunciada, a mensagem não dita, o sorriso não desabrochado, a lágrima que não caiu, o amor que não se sentiu, a verdade que se ocultou. 
Tudo. A omissão talvez seja o modo mais enfático de se dizer alguma coisa. O silêncio é forte porque não se pode fixar seu limite. Não tem eco, não ressoa. É um infinito que não se alcança, por mais que se procure. 
Ao contrário do barulho, cuja direção está sempre a indicar com seus ruídos, o silêncio cria uma perplexidade que desnorteia. Sempre a dizer algo não identificável. 
Silencie o mundo e ter-se-á uma população desnorteada, sem rumo, assustada. 
Precisamos nos orientar no tempo e no espaço. Conhecer os caminhos, ouvir os ruídos, interpretar os códigos. 
Através do barulho pode-se saber a direção do trovão, o momento exato em que o raio caiu, se a chuva está caindo lá fora, se existe um cachorro a latir, uma serra a zunir, uma criança a sorrir, um martelo a bater, uma pessoa a gritar. 
É a comunicação através do som. Não se amedronte com o barulho. Ele é explícito, conhecível, identificável, verdadeiro. 
Tema o silêncio, pois ainda que nada se tenha dito nada se tenha ouvido, o mundo não parou... alguma coisa aconteceu... 
O quê? 

Maria do Carmo Marinho



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