segunda-feira, 24 de agosto de 2015

PELOS PARQUES DAS ÁGUAS


                            
                               

                  

Você já viajou para estâncias hidrominerais como Poços de Caldas, Caxambu, São Lourenço? Nestas cidades a frequência predominante é de idosos, que vão em busca de tratamento para dores do corpo e para as carências da alma que anseia pelo sossego e tranquilidade que estas cidades oferecem. E um fato sempre me chama a atenção: a quantidade de mulheres da terceira idade, sozinhas. Geralmente chegam em excursões. Quando o ônibus para na porta do hotel, descem carregando suas bolsas e é fácil perceber a alegria de estarem chegando.
Nos parques, por sinal sempre lindos, lá estão elas. Agora, não  em grupos. Cada uma completamente só, carregando na mão um copinho, que adquiriu na loja de “souvenir”, para tomar água que jorra de fontes gasosas, sulfurosas, ferruginosas, cada qual com uma indicação terapêutica  e, não vamos negar, cada uma com um gosto pior do que o da outra. Até hoje não entendo porque nos ensinaram que a água é insípida, incolor e  inodora. Esqueceram-se das águas  ditas minerais. E eu pergunto:  toda água não é mineral? Pelo que sei o universo é composto por três reinos: o animal, o vegetal e o mineral.
Mas... voltando às mulheres, andando sozinhas pelos parques...penso no que cada uma pode estar pensando. Todas, ou quase todas, já tiveram namorados, marido,  têm filhos, netos... no entanto ali estão sozinhas. Por onde andam todos aqueles que passaram por suas vidas? Não é comum homens sozinhos nesses lugares. Aliás, homem quase sempre está acompanhado. Idoso então, geralmente, não viaja só. Não falta mulher disposta a cuidar dos velhos. Talvez seja essa uma característica do feminino... cuidar... da casa, dos filhos, do cachorro, das plantas, do marido, até que outra o leve e passe a ser a sua nova cuidadora e, hoje em  dia, na maioria dos casos,  ela é literalmente “nova”, mesmo.
Quando vejo todas aquelas mulheres sozinhas, penso na frase de Rubem Alves . “A beleza em solidão é triste”. Tenho certeza:  Como elas gostariam de compartilhar com alguém o prazer de ver a beleza daqueles jardins, das fontes, das praças, comentar sobre a criatividade do artesãos sempre a surpreender com suas artes, o sabor das comidas,  o romantismo daquelas músicas com solo de panflutes  tocadas em carrinhos dirigidos por vendedores   que eu chamo  de “chilenos”. Como aquelas músicas combinam com os lugares! No entanto, elas, sozinhas, veem, sentem, experimentam e guardam solitárias cada emoção. São prazeres guardados, não compartilhados. Vendo todas aquelas mulheres penso: Como é bom uma boa companhia numa viagem...Eu disse “BOA”...


                      Maria do Carmo Marinho

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