Você já viajou para
estâncias hidrominerais como Poços de Caldas, Caxambu, São Lourenço? Nestas cidades
a frequência predominante é de idosos, que vão em busca de tratamento para
dores do corpo e para as carências da alma que anseia pelo sossego e
tranquilidade que estas cidades oferecem. E um fato sempre me chama a atenção:
a quantidade de mulheres da terceira idade, sozinhas. Geralmente chegam em
excursões. Quando o ônibus para na porta do hotel, descem carregando suas
bolsas e é fácil perceber a alegria de estarem chegando.
Nos parques, por sinal sempre lindos, lá estão elas. Agora,
não em grupos. Cada uma completamente
só, carregando na mão um copinho, que adquiriu na loja de “souvenir”, para
tomar água que jorra de fontes gasosas, sulfurosas, ferruginosas, cada qual
com uma indicação terapêutica e, não
vamos negar, cada uma com um gosto pior do que o da outra. Até hoje não
entendo porque nos ensinaram que a água é insípida, incolor e inodora. Esqueceram-se das águas ditas minerais. E eu pergunto: toda água não é mineral? Pelo que sei o
universo é composto por três reinos: o animal, o vegetal e o mineral.
Mas... voltando às mulheres, andando sozinhas pelos
parques...penso no que cada uma pode estar pensando. Todas, ou quase todas, já
tiveram namorados, marido, têm filhos,
netos... no entanto ali estão sozinhas. Por onde andam todos aqueles que
passaram por suas vidas? Não é comum homens sozinhos nesses lugares. Aliás,
homem quase sempre está acompanhado. Idoso então, geralmente, não viaja só. Não
falta mulher disposta a cuidar dos velhos. Talvez seja essa uma característica
do feminino... cuidar... da casa, dos filhos, do cachorro, das plantas, do
marido, até que outra o leve e passe a ser a sua nova cuidadora e, hoje em dia, na maioria dos casos, ela é literalmente “nova”, mesmo.
Quando vejo todas
aquelas mulheres sozinhas, penso na frase de Rubem Alves . “A beleza em solidão
é triste”. Tenho certeza: Como elas
gostariam de compartilhar com alguém o prazer de ver a beleza daqueles jardins,
das fontes, das praças, comentar sobre a criatividade do artesãos sempre a
surpreender com suas artes, o sabor das comidas, o romantismo daquelas músicas com solo de
panflutes tocadas em carrinhos dirigidos
por vendedores que eu chamo
de “chilenos”. Como aquelas músicas combinam com os lugares! No
entanto, elas, sozinhas, veem, sentem, experimentam e guardam solitárias cada
emoção. São prazeres guardados, não compartilhados. Vendo todas aquelas
mulheres penso: Como é bom uma boa companhia numa viagem...Eu disse “BOA”...
Maria do Carmo Marinho
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