Sabe?... Aquele momento em que
muitas mulheres descobrem que os filhos estão crescendo, ou já cresceram? Que viveram pensando
em “nós” enquanto o marido viveu pensando em “eu”? Que o marido, ainda que
presente, é um ausente. Está em “outra” sintonia? Que abdicaram de muitos sonhos
em favor da família? Que estão sozinhas, apesar de todos? Que o tempo passou e a única certeza é a
impossibilidade de retornar ? É um
momento angustiante que exige muita coragem e determinação para mudar o rumo
da história... se ainda der tempo. Tive esta sorte.
Filhos
são como pássaros...
Emplumados,
sacodem as asas e voam.
Ficamos
nós
A
recolher os cacos
Do
tempo que passou.
Mas...
o tempo não tem volta.
Cada
minuto é único
E a
solidão do espaço vazio,
Não se
preenche
Pelo
vazio
Daquilo
que não se fez.
A
frustração dos sonhos abandonados,
A
inutilidade do trabalho não realizado,
A
solidão pela ausência "justificada",
Somam-se
à certeza inabalável
Da
impossibilidade de retornar.
Não!
Nunca! Jamais!
Todas
as palavras juntas
Não
refletem a decisão
De
acreditar
Que
abandonar os sonhos
Pelo
sonho dos outros,
Abdicar
dos desejos
Pelos
desejos alheios,
Não me
faz crescer.
Diminuem-me,
na medida
Em que
estarei vulnerável
À
vontade daqueles
Que
terão de manter-me
Para
que eu mantenha
A
todos.
Estudantes,
profissionais
E
amantes.
Querem-me
aqui.
O
sustentáculo
De uma
estrutura alquebrada
Necessária
e imprescindível
Na
jornada da vida.
Mas, a
minha vida...
Ninguém
vai vivê-la por mim.
Arregaço
as mangas,
Vou à
luta,
Apesar
de todos.
Maria do Carmo Marinho
Esse poema foi escrito há alguns anos, quando percebi que tinha que fazer uma opção: continuar no mesmo caminho ou mudar de direção. Optei pelo último. Foi um caminho tortuoso, mas valeu a pena.
Maria do Carmo Marinho
Esse poema foi escrito há alguns anos, quando percebi que tinha que fazer uma opção: continuar no mesmo caminho ou mudar de direção. Optei pelo último. Foi um caminho tortuoso, mas valeu a pena.