sábado, 17 de outubro de 2015

FILHOS...FAMÍLIA...SOLIDÃO.


               











Sabe?... Aquele momento em que muitas mulheres descobrem que os filhos estão crescendo, ou já cresceram?  Que viveram pensando em “nós” enquanto o marido viveu pensando em “eu”? Que o marido, ainda que presente, é um ausente. Está em “outra” sintonia? Que abdicaram de muitos sonhos em favor da família? Que estão sozinhas, apesar de todos? Que o  tempo passou e a única certeza é a impossibilidade de retornar ?  É um momento angustiante que exige muita coragem e determinação para mudar o rumo da história... se ainda der tempo. Tive esta sorte.


Filhos são como pássaros...
Emplumados, sacodem as asas e voam.
Ficamos nós
A recolher os cacos
Do tempo que passou.
Mas... o tempo não tem volta.
Cada minuto é único
E a solidão do espaço vazio,
Não se preenche
Pelo vazio
Daquilo que não se fez.

A frustração dos sonhos abandonados,
A inutilidade do trabalho não realizado,
A solidão pela ausência  "justificada",
Somam-se à certeza inabalável
Da impossibilidade de retornar.
Não! Nunca! Jamais!
Todas as palavras juntas
Não refletem a decisão
De acreditar
Que abandonar os sonhos
Pelo sonho dos outros,
Abdicar dos desejos
Pelos desejos alheios,
Não me faz crescer.
Diminuem-me, na medida
Em que estarei vulnerável
À vontade daqueles
Que terão de manter-me
Para que eu mantenha
A todos.
Estudantes, profissionais
E amantes.

Querem-me aqui.
O sustentáculo
De uma estrutura alquebrada
Necessária e imprescindível
Na jornada da vida.
Mas, a minha vida...
Ninguém vai vivê-la por mim.
Arregaço as mangas,
Vou à luta,
Apesar de todos.

                                Maria do Carmo Marinho

Esse poema foi escrito há alguns anos, quando percebi que tinha que fazer uma opção: continuar no mesmo caminho ou mudar de direção. Optei pelo último. Foi um caminho tortuoso, mas valeu a pena. 



terça-feira, 13 de outubro de 2015

INDECISÃO

















Comemora-se, hoje, dia 12 de outubro, o Dia das Crianças. A existência delas está associada diretamente às mães. E, quando me tornei mãe, ao me deparar com aquele ser frágil e indefeso, conscientizei-me da enorme responsabilidade que me fora confiada e pensei:

GERAR FILHOS É DOS ATOS DA VIDA O MAIS SIMPLES  E FÁCIL PORQUE DECORRE DA PRÓPRIA NATUREZA. REALIZAR A TAREFA DE SER MÃE É DOS ATOS O MAIS DIFÍCIL E COMPLEXO, PORQUE NELA SE INSERE A RESPONSABILIDADE PELA VIDA DE UMA PESSOA.

Foi uma época de muitos questionamentos, muitas dúvidas e indecisão em que me perguntei:

Como lhe dizer
Que na vida há flores,
Mas que há espinhos
E sempre muito aguçados?
Que o amor existe,
Mas que o desamor também
É sempre presente?
Que os sonhos são uma força
Mas que a ilusão também acaba?

Como lhe dizer
Que na  terra chove,
Que a chuva é vida,
Mas que a seca existe
E que a seca é morte?
Que o sorriso é lindo
E que a lágrima é triste,
Que a riqueza é farta,
Mas que a miséria é pobre?

Como lhe dizer?
Que existem flores e espinhos,
Amor e desamor,
Sonhos, desilusão,
Chuva e seca,
Sorriso e lágrimas,
Riqueza e pobreza.
Como lhe dizer tudo isso,
Sem lhe estragar a infância?

                                          Maria do Carmo Marinho