No dia
02 de novembro comemora-se o dia de Finados. Uma homenagem aos que já morreram.
Flores são levadas aos cemitérios, missas celebradas. Acredito que a maioria
pensa na morte dos outros e se esquece da própria. Que um dia chegará,
inevitavelmente. Na época do colégio as freiras sempre diziam que quem pensa na
morte, vive bem. Hoje não tenho dúvida. Se as pessoas pensassem na finitude da
vida, por certo praticariam mais a generosidade, a compaixão, respeitariam e
teriam mais cuidado com as pessoas, com
a natureza, aceitariam as diferenças. Não seriam tão agressivas, egoístas e
violentas. Se assim procedesse a humanidade, por certo a vida seria realmente
bonita como diz a canção do compositor Gonzaguinha “É bonita, é bonita e é
bonita.” Como está, falta muito para se concretizar esta beleza. Infelizmente. Não
me esqueço da morte e a vejo como ESPERANÇA. Dela veio a inspiração para
“PENSANDO NO FIM”.
Se da vida eu pudesse,
Nas mãos, alguma coisa levar,
Quando morresse,
Por certo eu levaria
A música, a estrela, o luar,
Todas as plantas, crianças
E um pedaço do mar.
Esta ventura, eu sei,
Não me será dada,
Como não foi dada a ninguém.
Mas, outra maior, com certeza,
A todos se concedeu,
De aqui um dia deixar,
Tudo aquilo que se sofreu.
A dor, a desilusão,
A tristeza, a solidão,
O desencanto, o desalento,
A desdita, o dissabor.
Se as flores aqui ficam,
O sofrimento também.
Por isso, bendita seja a morte,
Bendito seja o fim.
Pois, se aqui não podemos
Viver entre flores e alegria,
Porque espinhos insistem
A nos ferir em desafio,
A certeza do fim
É acalento, é esperança,
Que toda angústia alivia,
E faz viver cada instante,
Amando a cada momento,
Como se fosse a última hora
E como se fosse o último dia.
Maria do Carmo Marinho