O que fazer
quando o entardecer do tempo começa a cair sobre a vida?
Cinzentas
pinceladas de ocaso cobrindo o verde da esperança. O amarelo da alegria
tingindo-se de vermelho dos olhos lagrimados que choram de desencanto. Pelos
amores desencontrados, pelas partidas inesperadas, pelas buscas malogradas...
O lilás, que com
sua força protegia a alma dos ventos da desilusão, dando lugar ao roxo das
paixões mal vividas, das tristezas escondidas dos
sonhos esquecidos.
As cores do
nascente, cedendo lugar às cores do poente.
A última beleza
do fim. Uma beleza melancólica, pois dela há uma certeza: o negror inevitável
da noite.
As cores do
nascente têm alegria singular. Pois é certo o sol. Ainda que não apareça,
continuará escondido entre nuvens, que por mais poderosas que sejam, são
passageiras... não têm consistência.
Quantas já
existiram e, apesar de densas e escuras, não sobreviveram ao impor dos ventos e
se dissiparam.
Nuvens são
águas... solidificam, liquefazem e desaparecem no vapor. O sol, não. Esse é
eterno e não se deixa vencer.
Às nuvens, muito
se assemelha a vida.
Por mais forte
que pareça é frágil. Não resiste às intempéries da doença, dos sinistros, das
amarguras, da desilusão.
O que fazer
quando o poente está próximo?
Talvez nada.
Apenas ficar atento à visão da última cor, que agora é fim, mas que um dia foi
começo.
Na vida, tudo
começa e tudo acaba. Não se prenda no tempo que passou.
Bendiga a vida
que se teve e se desta restar mais alegrias... sorria... alegre-se... comemore
com todas as cores!
Se dela restar mais tristezas, não
se entristeça.
Olhe o céu ao
entardecer. O crepúsculo é
rápido. Num piscar de olhos as cores se misturam... modificam-se...
desaparecem. A noite se instala.
Chega a hora de
dormir...
Maria do Carmo Marinho
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