domingo, 8 de novembro de 2015

VERDADES E MENTIRAS



         

Penso nas verdades que não existem, porque as verdades foram esquecidas. Relegadas e renegadas as verdades fazem parte de um mundo onde não chegam as mentiras. A convivência de ambas é impossível. A verdade adoece quando entra em contato com a mentira. A verdade é sensível e não suporta a truculência da mentira que a tudo atropela, a tudo desrespeita e a todos parece enganar. Parece, pois a verdade da  mentira não é esta. Quem mente não se engana. Sabe que a cada mentira dita uma verdade se confirma: a sua fraqueza diante das pessoas, a sua incapacidade de lidar com a transparência, de assumir compromissos, de adotar posturas e de se estabelecer com firmeza. Penso nas verdades que não são ditas. Nas manipulações que acontecem a todo momento, nos conchavos  que se estabelecem, nas farsas que se armam. Penso nas verdades que destruiriam sentimentos, que provocariam rompimentos, sofrimentos, que matariam ilusões, que provocariam crimes. Não podem mesmo ser ditas. Enquanto a mentira existe o amor esquece  das verdades, o sonho é acalentado, a ilusão preservada. Não importa por quanto tempo. “Viva” a mentira!. Diante de tantas mazelas escondidas, de tanto desrespeito, de tanta ingratidão, traição, manipulação é melhor mesmo que a verdade não apareça e seja cada vez mais esquecida, enterrada, de modo a não mais incomodar o já sofrido espírito das pessoas, tão sem rumo, tão perdidas. Afinal todas merecem um pouco de sossego. Ainda que de mentira.

                                            Maria do Carmo Marinho
                                        

                                        

Nenhum comentário:

Postar um comentário