segunda-feira, 16 de novembro de 2015

MENTIRAS





Sempre achei que mentir é ato de covardia. Autenticidade é palavra que me fascina. Um lema a ser defendido. Acredito na verdade e agora acredito que é impossível ser verdadeiro num mundo de tantas mentiras. Queria verdades e vi que verdades tristes se escondiam por detrás de mentiras alegres. Em nome da paz, do conservadorismo, da conveniência, da covardia, quantas vidas, quantas ilusões, quantos sentimentos foram mantidos com a mentira. Certa vez ouvi de um senhor já velho: “ Estou casado há quarenta anos graças à “Santa Mentira.” E acrescentou: “ O bom da mentira  é que a gente mente e a outra fica satisfeita com a mentira que a gente contou.”  A “outra” era a esposa, a quem se referia. Perdi a chance de lhe responder que o bom da mentira é que um mente e a outra finge que acredita. “Santa Mentira”. A expressão ficou gravada. Sobre a mentira narrei um fato relacionado ao casamento, porque todos nós estamos, de alguma forma, ligados a ele. Seja como esposa, esposo, filhos, irmãos e, infelizmente, o casamento sempre foi um campo propício para a prática das mentiras. Foi pensando nas  verdades tristes que escrevi “ MENTIRAS”.

Quero mentiras,
Muitas.
Mentiras coloridas,
Criativas,
Dessas gostosas de se ouvir.
Poupe-me das verdades.
Não me fale do desamor,
Não me conte de enganos,
Não me noticie trapaças.
Falsidade,
Por favor, esconda-me.
Dê-me boas notícias,
Invente.
Mas... me deixe feliz.

                                   Maria do Carmo Marinho




                                                                                     
                                   
                                                
                                                        
                                                 
                                               















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