Sempre achei que
mentir é ato de covardia. Autenticidade é palavra que me fascina. Um lema a ser
defendido. Acredito na verdade e agora acredito que é impossível ser verdadeiro
num mundo de tantas mentiras. Queria verdades e vi que verdades tristes se escondiam
por detrás de mentiras alegres. Em nome da paz, do conservadorismo, da
conveniência, da covardia, quantas vidas, quantas ilusões, quantos sentimentos
foram mantidos com a mentira. Certa vez ouvi de um senhor já velho: “ Estou
casado há quarenta anos graças à “Santa Mentira.” E acrescentou: “ O bom da
mentira é que a gente mente e a outra
fica satisfeita com a mentira que a gente contou.” A “outra” era a esposa, a quem se referia.
Perdi a chance de lhe responder que o bom da mentira é que um mente e a outra
finge que acredita. “Santa Mentira”. A expressão ficou gravada. Sobre a mentira
narrei um fato relacionado ao casamento, porque todos nós estamos, de alguma
forma, ligados a ele. Seja como esposa, esposo, filhos, irmãos e, infelizmente,
o casamento sempre foi um campo propício para a prática das mentiras. Foi
pensando nas verdades tristes que
escrevi “ MENTIRAS”.
Quero
mentiras,
Muitas.
Mentiras
coloridas,
Criativas,
Dessas
gostosas de se ouvir.
Poupe-me
das verdades.
Não
me fale do desamor,
Não
me conte de enganos,
Não
me noticie trapaças.
Falsidade,
Por
favor, esconda-me.
Dê-me
boas notícias,
Invente.
Mas...
me deixe feliz.
Maria do
Carmo Marinho
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