Fincadas no chão... raízes entrelaçadas e seguras a romperem a
terra bruta e hostil. Seca e árida. É tempo de estio e o frio já começa a sua
tarefa de esfriar... os campos, a relva, as folhagens. Tudo. As folhas
espalmadas são como braços erguidos para o céu. Ao sabor da brisa bailam suave
e deliciosamente num ritmo lento e harmonioso. Ao impor do vento forte
contorcem-se, abaixam-se, levantam-se em movimentos desordenados. As folhas
parecem cabelos esvoaçantes arrancados impiedosamente. Tentam equilibrar-se,
mas a força não deixa. À palmeira e ao vendaval a vida muito se assemelha. Tal qual
a primeira, a vida se funda na concretude da existência, enraizada em valores,
crenças, sonhos, ilusões, esperança, que se entrelaçam e se sustentam de modo a
romper a barreira hostil da sobrevivência. O frio das relações estereotipadas a
imperar sobre as cabeças que insistem em não pensar. Os homens, de braços erguidos, ao sabor da esperança entoam
preces de otimismo, permeadas de
alegria, entusiasmo e contentamento. Ao
impor do sofrimento, como num vendaval, contorcem-se, debatem-se, caem,
levantam-se, em movimentos trôpegos, sem sincronia, desesperados.
Palmeiras/homens... homens/palmeiras. Ao impor dos vendavais contorcem-se,
dobram-se... mas não se quebram.
Maria do Carmo Marinho
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