quinta-feira, 17 de setembro de 2015

COMO PALMEIRAS

                               
  

Fincadas no chão...  raízes entrelaçadas e seguras a romperem a terra bruta e hostil. Seca e árida. É tempo de estio e o frio já começa a sua tarefa de esfriar... os campos, a relva, as folhagens. Tudo. As folhas espalmadas são como braços erguidos para o céu. Ao sabor da brisa bailam suave e deliciosamente num ritmo lento e harmonioso. Ao impor do vento forte contorcem-se, abaixam-se, levantam-se em movimentos desordenados. As folhas parecem cabelos esvoaçantes arrancados impiedosamente. Tentam equilibrar-se, mas a força não deixa. À palmeira e ao vendaval a vida muito se assemelha. Tal qual a primeira, a vida se funda na concretude da existência, enraizada em valores, crenças, sonhos, ilusões, esperança, que se entrelaçam e se sustentam de modo a romper a barreira hostil da sobrevivência. O frio das relações estereotipadas a imperar sobre as cabeças que insistem em não pensar. Os homens, de  braços erguidos, ao sabor da esperança entoam preces de otimismo, permeadas  de alegria, entusiasmo e contentamento.  Ao impor do sofrimento, como num vendaval, contorcem-se, debatem-se, caem, levantam-se, em movimentos trôpegos, sem sincronia, desesperados. Palmeiras/homens... homens/palmeiras. Ao impor dos vendavais contorcem-se, dobram-se... mas não se quebram.


                      Maria do Carmo Marinho

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